terça-feira, 3 de julho de 2007

Exmo. Sr. Director-geral

Como funcionário do Estado atento e cumpridor, ciente das minhas obrigações de lealdade e como cidadão que preza a harmonia social e o respeito por todos os superiores, venho junto de V. Exa. denunciar a grave e insustentável realidade que resulta do facto de o Director deste Serviço não só não pôr cobro como praticar situações de utilização indecorosa e/ou jocosa de termos, boatos e insultos que, espalhados por vários locais desta repartição, constituem graves ofensas aos senhores membros do Governo da Nação. Passo, pois, a descrever os factos:

1. Mesmo à entrada da repartição, na parede entre o banco de espera dos utentes e a mesa de preenchimento de formulários, está um cartaz da autoria do SIMA - Sindicato Independente dos Mangas de Alpaca onde, a determinada altura, se pode ler: "...promessas vãs, mentiras descaradas, na linha de uma política de direita ofensiva dos direitos dos trabalhadores!" - referência tão óbvia como ofensiva a Sua Excelência o Sr. Primeiro-Ministro;

2. Ao fundo do espaço de atendimento público da mesma repartição pode-se ver, noutro cartaz, este da responsabilidade da AUSEPE - Associação dos Utentes dos Serviços Públicos Estatais, uma indecorosa caricatura de extremo mau gosto, representando um asno que diz para o dono que carinhosamente lhe dá palha: "Está fora de prazo, mas como reclamar implica o preenchimento de 14 formulários, vai ser dessa que vou comer!". É certo que esta referência se pode dirigir a vários dos Srs. Ministros ou dos superiores responsáveis pelos Serviços, constituindo, assim, este cartaz uma mais grave ofensa, porque eventualmente múltipla, aos senhores governantes;

3. Na madeira do corrimão das escadas para os serviços administrativos (entre o quinto e o sexto degraus, a contar do rés-do-chão) pode-se ler, numa inscrição feita com objecto afiado: "JSFdP" - sem comentários! É necessário remover este escandaloso insulto!

4. Na casa de banho das senhoras, no 2º andar (esta denúncia foi-me, obviamente, transmitida por uma colega), na 2ª porta a contar da esquerda para quem entra, há uma frase de profundo desrespeito, escrita a marcador azul mesmo por cima da maçaneta, que atenta descaradamente contra Suas Excelência os membros do Governo: "Com estes que nos governam, não passas de uma sanita"!

5. Para cúmulo, tendo havido uma reunião no gabinete do próprio Director de Serviço, foi audível, para todos, que o mesmo Director cantava, antes de entrarmos, uma cantiga que dizia, a determinada altura: "Ai eu estive quase morto no deserto e o aeroporto aqui tão perto!". Sei, por um colega conhecedor do repertório de Sérgio Godinho que a letra estava, claramente, a ser adulterada porque no original não existe a palavra "aeroporto", mas antes "Porto".
Espero sinceramente que alguma coisa se faça quanto a estas faltas de respeito e insultuosas referências aos Senhores Governantes e que se proceda contra quem, tendo responsabilidades e deveres de lealdade óbvios, nada faz para que estas graves referências a pessoas que nos merecem o maior respeito e admiração.
Respeitosamente.

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